O médico, como todo e qualquer profissional, também precisa divulgar seus serviços para atrair pacientes, pois a concorrência na área médica é tão ou mais acirrada do que outras profissões. E para divulgar seu trabalho, nada como como utilizar o marketing médico como estratégia e as redes sociais como ferramenta, que além de terem um custo menor do que campanhas impressas têm um alcance muito grande.
A maioria das pessoas tem pelo menos um perfil em uma rede social e os médicos podem usar isso a seu favor na hora de criar suas estratégias de marketing e construir uma boa reputação com o seu público, além de atrair novos pacientes, é claro.
Mas, há alguma restrição em relação a estratégias de marketing médico em redes sociais? Você pode se perguntar: “Eu, como médico, corro o risco de sofrer alguma punição por postar algo que possa ferir o Código de Ética Profissional, mesmo se essa postagem não lesar outra pessoa?”
A resposta para essa pergunta é: sim. O Conselho Federal de Medicina é muito rigoroso em relação à divulgação de serviços de médicos e clínicas. Tanto o Conselho de Medicina como de Odontologia — que são os mais rígidos da área de saúde — partem do princípio de que a divulgação do trabalho do profissional de saúde não pode aparentar “propaganda.”
Inclusive o Conselho publicou as Resoluções 1.974/11, e 2.126/2015, que regulamentam as práticas de publicidade e marketing médico, visando orientar os profissionais sobre as práticas de divulgação de seus serviços e ainda coibir eventuais abusos.
Veja os tópicos que serão abordados ao longo do texto:
- Divulgue dados profissionais
- Fuja da autopromoção
- Não utiliza fotos de seus pacientes
- Não faça leilão de seu trabalho
- Não faça promessas sobre resultados de tratamento
- Use as redes sociais de forma educativa
1. Divulgue seus dados profissionais
Se você vai divulgar seu consultório ou clínica nas redes sociais, deve informar todos os seus dados profissionais: nome completo, endereço e telefone da clinica, Registro de Qualificação de Especialista (RQE), número do CRM e as especialidades as quais você trabalha, desde que sejam registradas no CRM. No entanto, só é permitido divulgar duas áreas de atuação, mesmo que você tenha mais que duas especializações.
2. Fuja da autopromoção
Mesmo que você seja o médico mais capacitado da região na qual atua, não deve se autopromover como “o melhor”,o “o mais capacitado”, “o único capacitado em determinada especialidade”, ou que você tem a clínica mais moderna e que você é o único médico capaz de proporcionar determinado tratamento de saúde.
Nas estratégias de marketing médico nas redes sociais, o médico também não pode divulgar que possui uma aparelhagem ultra moderna como diferencial de qualidade no serviço e garantia de resultados satisfatórios. Mesmo que isso seja verdade e você tenha feito altos investimentos em equipamentos.
Uma boa forma de divulgar que sua clinica é bem estruturada é falar da importância desses equipamentos para o tratamento e diagnóstico de doenças.
3.Não utilize fotos de seus pacientes
Suponhamos que você seja um médico dermatologista e fez um tratamento rejuvenescedor em uma paciente, e os resultados foram fantásticos! Até mesmo você e sua equipe ficaram surpresos! Aí você fica orgulhoso de seu trabalho e fica querendo mostrar o antes e depois daquela pessoa, simplesmente com a intenção de encorajar os possíveis pacientes a procurarem seus serviços.
Mas, pode esquecer, expor a figura de pacientes é definitivamente contra as regras de publicidade do Conselho Federal de Medicina – CFM e mesmo que algum paciente te dê autorização, você ainda não pode fazer isso. Primeiro, porque os resultados dependem de cada pessoa, mesmo que façam o mesmo procedimento e os resultados de determinado paciente não podem servir como verdade absoluta, nem garantia de resultados.
E segundo porque, médicos não podem usar os pacientes como forma de se promover, há outros meios para isso. Nem mesmo as famosas selfies são permitidas entre profissional e paciente, tampouco fotos do atendimento.
4.Não faça leilão de seu trabalho
Divulgar preços de consultas, tratamentos, promoções, parcelamentos, formas de pagamento e descontos também não são permitidos como diferencial de qualidade. O CFM entende que a saúde é um bem que não pode ser comercializado; não pode ser vendida, nem comprada. Embora, seja comum vermos essa prática em campanhas de marketing médico, principalmente em sites da internet, no Brasil ela é proibida.
É claro que você pode oferecer desconto para seus clientes mais antigos e parcelar um procedimento em várias prestações, mas nada de criar banners, vídeos e outras propaganda e disparar em todas as redes sociais.
5.Não faça promessas de resultados de tratamento
Sabe aquele famoso anúncio: “Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”? Nem pense em fazer isso nas redes sociais. Primeiro porque o CFM proíbe que o médico dê garantias de resultados e depois: como você pode simplesmente dar garantias que irá resolver o problema de um paciente, se você nem mesmo sabe o que ele tem?
6.Utilize as mídias sociais de forma educativa
O próprio CFM determina que as campanhas de marketing médico sejam educativas e nunca sejam usadas para promover o profissional. Então, use isso a seu favor e crie diversos materiais educativos para seu público. Crie vídeos, infográficos e até mesmo pequenos posts sobre vários temas de interesse do seu público alvo.
Explore temas relacionados à sua especialidade. Por exemplo: se você é cardiologista, pode falar sobre vários temas relacionados à saúde do coração como: exercícios físicos que ajudam na saúde cardiovascular, alimentos benéficos e prejudiciais ao órgão, enfim, tudo que seja relevante e adicione valor ao seu trabalho.
Esse tipo de estratégia cria um relacionamento com o público, que adquire confiança no seu trabalho e você pode vir a se tornar referência, tanto na sua área como na região a qual você atua.
Quais são os penalidades que os médicos sofrem por não seguir as orientações do CFM refentes ao marketing médico?
O médico que não respeita os limites do marketing médico pode responder civil e criminalmente por seu ato, isso vai depender da gravidade da infração. As penalidades podem ser desde advertência confidencial, passando pela censura confidencial, censura pública, suspensão temporário do exercício profissional, até a cassação do exercício profissional. E, em casos de propaganda desleal, o profissional o médico poderá responder pelo artigo 196 do Código Penal.
>> E se as manifestações nas redes sociais fossem contra a sua empresa?
Em alguns casos, o CFM pode simplesmente aconselhar ao profissional sobre sua postura inadequada, pois por incrível que pareça, há profissionais que desconhecem as normas de publicidade de sua área.
Por isso, é muito comum vermos as práticas inadequadas citadas ao longo do artigo, serem divulgadas em canais de comunicação, principalmente redes sociais. Embora não tenhamos dados estatísticos atualizados sobre o assunto, segundo o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP), no ano de 2007, o número de denúncias de propaganda médica ilegal eram maiores do que de assédio sexual e cobrança indevida.
Portanto, se você não quer correr o risco de ser denunciado e sofrer uma punição grave, fique atento as suas estratégias de marketing médico, principalmente nas redes sociais.
Resumindo…
- Divulgue apenas conteúdo que vão ajudar os seus seguidores, pacientes ou clientes
- Não faça autopromoção. Deixe que os seus próprios pacientes reconheçam o seu valor profissional
- Não exponha os seus pacientes nas redes sociais. Mesmo que eles autorizem.
- Utilize as redes sociais de maneira honesta e séria. Ela é o canal de comunicação com o seu público alvo.
Gostou do artigo? Quais são suas estratégias de marketing nas redes sociais para atrair e fidelizar pacientes? Conte pra mim, deixando seu comentário no post!
LuLopes é publicitária, fundadora da B+ Comunicação, consultora em marketing digital e atuante em e-Business desde 2001.
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